sexta-feira, 29 de julho de 2011

nosso mundo abstrato

no kansas

eu acordei no meio do vendaval
como quem não sabe onde está
quando me dei conta o comum já tinha tomado conta de mim

olha aquela nuvem lá
olha o sol escondido logo atrás
e este vento querendo me levar

seguindo a linha do horizonte
vamos caminhar até aonde os nossos pés não vão mais
vamos andar livres pelo espaço
descobrir o nosso infinito
onde a nossa calma está

eu tive um sonho maluco onde tudo havia acabado
e eu tinha morrido
então me dei conta de que se tudo é simples
o nada é muito difícil

sente a melodia do amanhecer
e esta paz que vem me fortalecer
como se nada eu pudesse temer

seguindo a linha do horizonte
vamos caminhar até aonde os nossos pés não vão mais
vamos andar livres pelo espaço
descobrir o nosso infinito
onde a nossa paz está - nossa paz está!!

imagine como é olhar para o céu
e não ver mais a essência de tudo que existiu
e as estrelas sem luz...

(Letra de Simone Dutra, Márcia Tomazzoni e Sinara Dutra)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Vida, agora

Ele tinha apenas 17 anos quando adentrou o jornal O Timoneiro acompanhado de sua mãe, portando uma doença que logo lhe arrancaria desta vida. Após dois anos de luta, partiu para um lugar que não sabemos onde é.
Eu, uma exagerada pesquisadora dos segundos, passei a vida refletindo sobre a existência e tentando extrair dela o melhor com avidez e pressa, embora mal saiba definir com profundidade honesta o que poderia sugerir o contrário dela. Mas eu não fugi ao comum, e contradizendo meus tantos romanceados escritos, também me acostumei com o enigmático TEMPO.
Talvez, ao contrário de nós, ignorantes da própria sorte até então, seu texto possa ir mais fundo usando das mesmas e corriqueiras frases que em tantos e eternizados momentos verbalizamos entusiasmados mas não conseguimos praticar.
Não tenho mais a dizer. Cedo este espaço à mensagem velha e repetida do vamos viver tudo o que há para viver - e a um último pedido de sua mãe - de alguém que sabia do que falava.

Em algum lugar da cidade, um menino rabiscava no papel... algo que pode tocar o coração de alguém; hoje, neste momento.

"Vida, agora

Nascer, crescer e morrer, parece estúpido demais, levando em conta a perfeição do organismo humano, as capacidades humanas e o desenvolvimento do pós-morte, seria ignorância demais, ou talvez, fácil demais crer que não passamos de seres orgânicos, e que a vida não passa de uma breve passagem.

A vida pode ter tantos sinônimos, tantas definições, mas certeza mesmo só temos uma, a vida é o presente, é o agora, é o inspirar e o expirar o oxigênio, é o bater do coração, é o sentir; pois depois do agora, tudo é limitado.

O agora é oportunidade para tudo. Para fazer, realizar, para construir, para sentir... Mesmo o agora sendo tão precioso, valorizamos antes dele o passado, apreciando as lembranças, ou o futuro, investimos energias para fazer planos e mais planos...

Se a vida é o agora, e isso é uma certeza, você já se perguntou o que estás fazendo do seu agora? Afinal, o agora é seu passaporte pra tudo. Por que você não está fazendo agora o que planeja fazer amanhã ou depois? Não importa limitações para o seu agora, esqueça as datas... os horários e os custos... sinta o seu agora circulando pelas suas veias, penetrando em suas narinas... Desfrute seu agora, ele é sua grande certeza, seu maior tesouro. O agora é vida, vida é ser, sentir... tudo no presente, pois o futuro é incerteza, o passado é intocável e o agora é tudo... tudo que você tiver vontade."

Thales Machado (05/09/10) (AM 01:31)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma manhã de inverno

Acordei com os pés quase congelados. A cabeça meio tonta. Vontade zero de levantar meu corpo para minhas obrigações.

Mas nem mesmo havia o desejo de estar ali, deitada com o músculos doendo naquela cama, de tanto me virar a noite inteira. Eu tinha a certeza, naqueles instantes infernais e sem resquício algum de ânimo, de que eu não sabia o que queria nos segundos seguintes.

Desejei, então, quase desesperadamente, que alguma tragédia acontecesse, que me desse algum sentido para prosseguir com mais entusiasmo, ou menos, que fosse.

Mas mesmo com tudo isso, levantei-me. Havia compromisso seríssimo a cumprir. Aquele que nos garante mais um mês de contas pagas, e algo a mais para ajudar o tempo a passar.

Vesti-me de forma desconfortável, pela provável necessidade de repaginada no armário – coisa que nunca fiz, aliás. E saíra de forma apressada – o que odeio -, quase atrasada, e sem nenhuma motivação.

Na rua, o sol me veio nostálgico. Algumas esquinas ensolaradas e frias estavam elegantemente tristes e belas. Senti saudade de algo que não pude decifrar. Um aperto no peito, daqueles que doem demais, e não existem palavras para descrevê-los.

Segui meu caminho e procurei não levantar-me a questão da minha vida estar tão bagunçada e quando eu me dei conta era nisso que eu estava a divagar. Mas depois de eu sofrer por alguns instantes, tudo passou quando eu percebi que minha vida sempre fora bagunçada e que esse era o traço mais marcante da minha personalidade. Então me senti em casa outra vez.

O resto do caminho procurei não recordar os sonhos da adolescência morta. E estive atenta às pessoas nas ruas, seus penteados, suas roupas, seus carros... nesta manhã ninguém me causou inveja. Fiquei feliz comigo mesma.

E então a tarde se aproximava de mim. Era o fim daquela manhã de horas inacabáveis. Sutil e banal, quase desapercebível, não fossem as doses pequenas de depressão, nostalgia, tristeza e frustração.