quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dos dias

Há dias em que eu me procuro por aí, em todas as paradas, em qualquer praça
Aqueles dias em que o mundo parece tão longe, tão longe, que é difícil se comunicar.
Há dias em que aqui, ou ali, tanto faz. Qual é a graça?
Eu fujo das piadas como diabo que foge da cruz... como pode alguém não saber errar?!

Há dias em que eu penso que, se todo ser humano fosse assim, que triste seria!
O desânimo seria rei, e a nossa grande rainha, a monotonia!

Todo mundo deveria aprender desde cedo a se encarar
A enxergar no outro o próprio reflexo a lhe falar
E então a sombra, que hoje incomoda e me pega pelo calcanhar
Não passaria de um fresco abrigo - porto-seguro - para um pássaro a fim de pousar.

Ah, como eu queria me encontrar por aí, roubando maçãs em algum quintal!
Cantando embalada por uma antiga melodia
Hoje em dia numa já velha e quebrada caixinha de música
Tão desengonçada e ansiosa que a própria bailarina, em agonia
Mesmo sendo até jeitosa, jamais conseguiria
Dançar no ritmo caótico e descompassado
De sequer uma dança até o final!

Há dias em que eu sei: esse reflexo no vidro da janela não é meu!
E aí eu percebo, que quem estava longe, longe mesmo, não era o mundo, mas era eu!