quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
A vigília
Não há um só dia em que eu não me pergunte se sou capaz de ser amada. Se eu mereço ser amada.
Quando no céu azul ainda há vestígios das nuvens cinzas de um recente temporal, é sempre bom manter a vigília. Qualquer distante trovão ou rajada inesperada de vento anuncia um novo derramar de águas. Nem sempre calmas.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Nocturnus
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Para além dos argumentos
OK, desisto de ser filósofa. Vou ser cantora de boteco, escritora de poesia e prosa.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Dessa vontade tórrida eletrizante
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Por vir.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
segunda-feira, 5 de março de 2012
Morro de medo de ir ao médico. Minhas pernas ficam bambas, as mãos tremem, eu sinto náuseas, taquicardia, tenho sudorese intensa e... fico retardada. Completamente.
Muitas criaturas têm receio de injeções, exames invasivos, procedimentos minimamente dolorosos e coisas do tipo e são chamadas de medrosas – pejorativamente - injustamente. Afinal, quem é que deveria gostar destas coisas? Mas eu não. Tenho medinho infantil, histeria, só de ir ao consultório. Na última vez que fui à ginecologista, a fiz me ver chorar praticamente. Tenho certeza de que usou de psicologia para acalmar-me quando, voltando a racionalizar, percebi que falávamos sobre o desenho Dragon Ball Z. E não me pergunte como chegamos a este assunto; sequer o conheço direito.
Embora eu tenha uma ligação íntima com os procedimentos hospitalares e ambulatoriais – e por isso meu problema tenha me rendido algumas piadas e incredulidade, inclusive -, a coisa é forte, o bicho é grande. Minha resposta nesta situação é: justamente por isso, sei como funciona a máquina. Além de que, estar do outro lado é completamente diferente. Você explica para o paciente que vai doer nada, que existe tratamento para a doença x, que não é nada e já vai passar... E é isso mesmo. Simples assim. Porque não é contigo.
Toda vez que sinto que devo ir ao médico, começo a passar muito mal. Os amigos têm que me levar pela mão... de preferência mentindo que é para o bar. E noto em suas vozes um tom brando de quem nina um nenê.
Meu comportamento até é cômico, mas não ilógico. Por minha rasa experiência profissional somada à pura e simples matemática, posso concluir que é sim muito provável que alguma coisinha, sendo bem otimista, será detectada no seu exame.
Inflamações, infecções, arritmias cardíacas, hipertensão arterial (já tenho a chamada pré), fungos, tumores, DST’s (algumas sacanas que se compartilham no vaso sanitário), defeitos congênitos, propensão a doenças incuráveis graves, transtornos psicológicos, irritações nojentas de pele, anemias que podem se tornar leucemia adultas no futuro, e provavelmente mais umas quinhentas páginas de opções delas... ali aguardando ansiosas por você. Eu espero sempre pelas malignas, intratáveis, mortais.
Não sei se quem está a escrever aqui é minha fobia ou sou eu, lindinha e querida. Mas sei que a verdade – e isso vale pra tudo – está no equilíbrio e realidade de cada um. Há o que temer... não há? E por quê?
Neste momento vivo esta agonia. Mas tudo vai acabar bem... eu acho. Fato é que não há escapatória. E isso é coisa séria, não se deve rir.
Mas pode rir, se quiser.quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Estava nada a ver aquilo, enfim,
Era natal ou qualquer coisa afim
Foi assim:
Esperando uma quase ausência do destino, eis inteiramente ali
E me omiti, me deprimi
Me pergunto o que falta agora
Então só vejo que as águas deixaram fluir
Nestas noites confusas de verão eu só quis saber
Porque comigo não?
Porque não deste jeito?
Contrariando tudo que já quis
Só desejo ardentemente recordar
Que se afugente em meu coração criançola de novo, vai!
Tá tudo certo, eu sempre aceitei
Virando algumas esquinas hoje, o balançar das árvores me trouxeram você
No meu filme, uma trilha sonora fala das rosas e das honestas borboletas
Que estranho, é de se estranhar
Eu sei, eu li
Mas ainda há inépcia; que debochada eu fui agora
Tão revigorada, a vida num bambolê
Revoltada, me volto resoluta para mim
Esqueço... mas não paro de lembrar...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
las bruxas
Até as lâmpadas decidiram piscar.
As gotas pingam em poças turvas
Abrindo redemoinhos a me hipnotizar.
Com a branca lua a essa altura
Sons de cristais tilintando a brindar
Chegadas e partidas suas
Damas-da-noite alvas para te esperar
[andando descalça pela sala, nua
o casaco da noite passada quer me abraçar]
E a doce e presente amargura
Que sempre faz te afastar
Indicam o caminho da fuga
[Ele não deu previsão de voltar...]
Nuvens cinzas de choro e chuva
Céus prateados refletem a íris do teu olhar
[A luz do dia me assusta
Quando ele nasce, eu volto para o meu lar]
O meu castelo em meios às brumas
Te enviou os mapas mais perfeitos
Com as mais floridas ruas
Para até a minha torre chegar
Mas meu amor, sem cerimônia nenhuma
Ainda me fazendo sonhar
Na primeira estrada mareada de curvas
Virou-se para a luz de algum outro luar...
domingo, 8 de janeiro de 2012
Com 2 dias de atraso*
Decidi começar a viver.
[E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez]
* e, diga-se de passagem, uns 2 anos sem inspiração. Filosofia seca. Mas eu hei de reencontrar a fonte!
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
A sala vazia
O vento lá fora bagunça as folhas assustadas
É festa na praia, multidão sonhando entre as promessas de felicidadeE esta sala tão vazia aqui
Vazia ela carrega o meu coração, tão confuso com as palavras que gritam essa solidão
Nela nem mesmo os móveis, uma pequena mesa somente, e um pequeno rádio preenchem o que um dia fez de nós todos felizes
Aqui e ali uma marca impregnada nas paredes, um verso perdido num canto qualquer e só
Em meio às cortinas, muitos remorsos escondidos, a rudez do tempo dos sonhos que foram se indo, junto com a correnteza deste mesmo mar que agora te faz refletir
Eu estou aqui, tão longe da água; tem calor e ventania, uma música pelo ar que circula tão livre, aliás, como sempre o permitimos
Na sala vazia, muito de minhas lembranças, muitos de meus dias, a vida minha que se foi, e eu que nunca me fui
Por trás das grades, as árvores me lembram da dança da vida
E a sala assim, imensamente vazia dentro de mim
Vazia de tudo, vazia de todos, vazia como nunca... nem eu mesma de fato estou aqui.
Simone Dutra