quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

las bruxas

Vultos da noite escura
Até as lâmpadas decidiram piscar.
As gotas pingam em poças turvas
Abrindo redemoinhos a me hipnotizar.

Com a branca lua a essa altura
Sons de cristais tilintando a brindar
Chegadas e partidas suas
Damas-da-noite alvas para te esperar

[andando descalça pela sala, nua
o casaco da noite passada quer me abraçar]

E a doce e presente amargura
Que sempre faz te afastar
Indicam o caminho da fuga
[Ele não deu previsão de voltar...]

Nuvens cinzas de choro e chuva
Céus prateados refletem a íris do teu olhar
[A luz do dia me assusta
Quando ele nasce, eu volto para o meu lar]

O meu castelo em meios às brumas
Te enviou os mapas mais perfeitos
Com as mais floridas ruas
Para até a minha torre chegar

Mas meu amor, sem cerimônia nenhuma
Ainda me fazendo sonhar
Na primeira estrada mareada de curvas
Virou-se para a luz de algum outro luar...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Com 2 dias de atraso*

E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

[E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez]

* e, diga-se de passagem, uns 2 anos sem inspiração. Filosofia seca. Mas eu hei de reencontrar a fonte!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A sala vazia

O vento lá fora bagunça as folhas assustadas

É festa na praia, multidão sonhando entre as promessas de felicidade
E esta sala tão vazia aqui
Vazia ela carrega o meu coração, tão confuso com as palavras que gritam essa solidão
Nela nem mesmo os móveis, uma pequena mesa somente, e um pequeno rádio preenchem o que um dia fez de nós todos felizes
Aqui e ali uma marca impregnada nas paredes, um verso perdido num canto qualquer e só
Em meio às cortinas, muitos remorsos escondidos, a rudez do tempo dos sonhos que foram se indo, junto com a correnteza deste mesmo mar que agora te faz refletir
Eu estou aqui, tão longe da água; tem calor e ventania, uma música pelo ar que circula tão livre, aliás, como sempre o permitimos
Na sala vazia, muito de minhas lembranças, muitos de meus dias, a vida minha que se foi, e eu que nunca me fui
Por trás das grades, as árvores me lembram da dança da vida
E a sala assim, imensamente vazia dentro de mim
Vazia de tudo, vazia de todos, vazia como nunca... nem eu mesma de fato estou aqui.

Simone Dutra